A foto acima foi a motivadora da vistoria de hoje: é um polidor pré-histórico. É um local onde são produzidas lâminas de machado polido. Há muitos anos atrás, um cara, como eu e você, se postou frente a essa pedra e passou horas, com a vista do Rio Verde (MS), criando um instrumento. Com este instrumento, ele derrubou árvores e ajudou a dar continuidade à sua civilização. Ele não sabia que se comunicaria comigo através daquele trabalho. Apenas o fez com amor, porque precisava dele para seu povo.
Hoje, pessoas como eu o escutam; pessoas como eu dão voz a ele. São chamados arqueólogos. São tipos por vezes estranhos, que ficam longe de casa por tempos e tempos, para escutar o que pessoas desconhecidas tem a dizer. Não é a vida mais fácil do mundo. Mas, certamente, é uma vida extremamente gratificante.
A datação deste sítio é de cerca de 900 anos A.P. (Antes do Presente, contado a partir de 1950). O artesão que utilizou este polidor me mandou um presente, mais de um milênio depois de produzi-lo! Hoje, 26 de julho, comemora-se o dia do Arqueólogo. Já havia encontrado lâminas de machado polido, mas nunca havia visto um local onde elas são feitas. Não foi a toa que tive contato com isso hoje.
É uma renovação de votos. Eu amo o que eu faço. Tive a bênção de escolher uma profissão que me completa, que me satisfaz, que contribui com minha felicidade, pelo prazer de servir ao meu povo, produzindo conhecimentos, alimentando a história, educando... assim como meu presenteador fez, há mais de 1000 anos atrás, postado frente a esta pedra.
Obrigado, meu desconhecido amigo, pelo seu presente! Fez me lembrar porque escolhi trabalhar com vocês há 13 anos!
Companheiros de profissão, eu os saúdo com lágrimas de alegria!