quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Yeah, what the hell... we're SWAT! - a crônica musical-cinematográfica de fim de ano

Uma grande amiga me escreveu há duas semanas com sua crônica de fim de ano. Ao fim, perguntava o que cada um - os destinatários da mensagem - havia feito em 2009.
Acho que esta grande sequência começa em 2006...

2006 foi de "ascenção e queda". Como o R.E.M., fui "perdendo minha religião" - esta entendida enquanto minha profissão. E, enquanto historiador, nunca acreditei muito nessa "história do tempo presente" (seguem minhas desculpas aos companheiros de profissão que conseguem realizar isso que considero uma "façanha"). Hoje, já distante um pouco dos fatos, compreendo que o processo foi de aprendizagem. E Enya me cantou - e encantou - ao traduzir isso numa canção, sugerindo: "quem sabe se nessa escuridão seu coração não se torna mais verdadeiro?" Ainda completa: "Você trilha uma estrada solitária. E como você está longe de casa!"

Cara! Como eu estava longe de casa! Estava longe de tudo o que eu deveria estar. Mas eu não "amanheci, peguei a viola, botei na sacola, e fui viajar". A aparente solidão me fez "ter que voltar prá casa" longe de casa. Foi uma "viagem ao fundo do ego" muito massa. Rolou um "mortal kombat", sofrimentozinho básico... mas, uma coisa nunca me faltou: amigos! Sempre houve quem me estendesse a mão, quem me mostrasse que tem um Cara que gosta de mim mais do que qualquer outra pessoa, e que Ele estava sempre comigo. Assim, cairam as viseiras, e eu pude olhar em volta, para pessoas que precisavam de mim, e para tantas outras pessoas que, distantes de casa, por vezes sofridas, estavam de pé, ajudando quem necessitava. E, na ocupação útil do tempo, aprendi, de fato, o que era trabalho, e as tantas oportunidades de trabalho que perdi durante os anos anteriores. Aprendi, também, que não dava mais tempo de ficar lamuriando pelo que se foi. "O barato de Grace" - e meu - era trabalhar e trabalhar, daqui prá diante...

Foi assim que voltei prá casa. Voltei, primeiro, prá minha casa íntima e, depois, prá minha casa física, para o acalento dos meus. Nas "perdas e danos", alguém ficou prá trás. E foi - e ainda é - difícil entender as diferenças das pessoas. 2007 se caracterizou por muita luta, pelas consequências das minhas escolhas. O choque da chegada ficou traduzido na pieguice (nessa época ainda singela) de uma dupla sertaneja, que cantava à mãe, dizendo que "tudo o que foi procurar no distante sempre esteve ali, dentro de casa".

Sim. E o horizonte foi se pintando mais belo do que o poeta podia descrever. Novamente estava ao lado da minha irmã, vendo meus sobrinhos crescerem, trocando abraços com os amigos mais antigos (inclusive a inquisidora citada no início do texto, né, Irmã?)... e havia um sorriso que eu não havia esquecido. Ela estava muito mais linda do que quando eu a conheci, e já faziam 16 anos. Os anos lhe fizeram muito bem. E, num grande presente, começamos a "velejar", como Gwyneth e Huey. E eu amo cada vez mais cada dia em que estamos "velejando juntos"...
Relacionamento humano, a célula de trabalho e aprendizado em tempo integral! Eu a saúdo! Ermitões de todo mundo, escutem meu apelo (gutural e "protossexual"): não "vão se foder", voltem ao convívio dos homens e "fodam e sejam fodidos"! "Onanismo social" (DRS, Copyright, 2009 - todos os direitos reservados) tá por fora! Ninguém cresce no isolamento. E como tenho crescido ao lado desses olhos verdes! Obrigado, minha Sininho! Seu "menino que não quer crescer", te ama muito!
Nesse ínterim, rodei pelas Minas Gerais, conhecendo suas belezas gerais. Como eu nunca havia visto aquilo tudo, depois de tanto tempo? "Quem te conhece, não esquece jamais". Benza Deus!

Mas o ano em que pude ver um grande sucesso da minha infância ser imortalizado nas telas dos cinemas (onde robôs alienígenas se transformavam em automóveis, lutando pelo bem e blá, blá, blá...) foi, também, o momento de perceber que "tempus fugit" - ou, como Lulu já lembrava, ele "voa, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir que não há tempo que volte"... O grande herói, o velho Optimus Prime, apresentava desgaste na lataria. E só então entendi "o chamado": era mais uma batalha, lado a lado, em postos diferentes, entre tantas outras que já havíamos travado. E lá estávamos mais uma vez... nós... e, graças a Deus, como não poderia deixar de faltar, também estavam... os amigos!
E foram eles, mais uma vez, que me ofereceram, entre abraços, ombros, colos, puxões de orelha, força e... trabalho! Vou citar um grande novo-velho amigo e nosso reencontro, onde, entre tantas respostas, me lembrou que tudo "depende de nós". Augusto, você e toda a equipe estão no meu coração, você sabe!

Nisso, já estamos embalando 2008 com baladas revisitadas, como Numb/Encore, que repete, insistentemente: "que que cê tá esperando, porra?" As certezas, as dúvidas, as esperanças, meu duvidoso presente de anivérsário... Enfim, "vamos viver tudo o que há prá viver", sem medos. Os Orixás, as forças da natureza, selaram meu pacto de amor com minha fadinha verde de olhos verdes. E uma balada, das antigas, perguntava: "porque você não pode fazer isso?" E, como Neo, eu comecei a acreditar...
Porém, Iggy Pop e Dinho Ouro Preto já diziam, em línguas diferentes, que eram "passageiros". E aqui, nesta Terra, meus caros, somos todos passageiros. E o velho Optimus não seria diferente.
Nessas horas, você pensa em filmes "claustrofóbicos", onde o mundo inteiro está tomado por uma doença qualquer, e onde uns poucos humanos lutam para sobreviver aos muitos "infectados" e se pergunta: "então, por que lutar prá viver se o destino inevitável é a morte?"
Por que, desde a década de 1980, Fire inc já cantava: " 'hoje a noite' é o que significa 'ser jovem' ". Se a morte é apenas uma passagem, importa onde você está? Aqui (vivo), lá (também vivo) ou no meio do caminho (morrendo)? O que importa é COMO VOCÊ ESTÁ!
Foi quando o juíz apitou, a bola recomeçou a quicar, e enquanto o relógio lembrava os 16 minutos que faltavam, uma trupe juvenil (que minha sobrinha adora) gritava que era "agora ou nunca". E foi agora. Foi como todas as batalhas do mundo viessem juntas. E mesmo que os resultados não pareçam ter algo de bom, eles foram os melhores! E foram vitoriosos! E, assim, "fomos heróis"!

2009 preludiava ser "a colheita farta", "o sono dos justos", o "e viveram felizes para sempre". Alguém deveria fazer um filme sobre tudo o que acontece depois dessa frase... blah!
O desconhecido se delineava depois da fronteira (nas terras perto da outra fronteira). E eu, que nunca havia saído do país, vi terras não brasileiras (é, ainda não foi esse ano que eu fui pro exterior... só vi).
Aqui, fui acolhido. Mais uma vez, por amigos. Dessa vez, não um bando, uma galera ou um grupo... foi um destacamento, um pequeno batalhão. Não houve manual, treinamento, mapa, trilha de farelos de pão... houve (e há) guerrilha. E, como a inscrição nas muralhas do Forte Coimbra (em Corumbá), as opções eram "repelir o inimigo ou sepultar-se embaixo das muralhas do forte". Neste ano, desde a despedida do meu pai até hoje, reaprendi o que significam as palavras honra e lealdade. Amizade se baseia nisso. Casamento se baseia nisso. E isso "é o que significa ser jovem"! Tantos outros "destacamentos" te acolhem, te chamam a isso. Cito outro: os moços da "Eterna Aliança". A vocês - BorraXarYa e Eterna Aliança - os meus mais sinceros agradecimentos pela acolhida, amizade, aprendizado constante e oportunidade de trabalho!

Vamos encerrando o filme. Ou, pelo menos, o capítulo de hoje: Você, o herói, está cansado, sentado em seu carro, ferido, ofegante, depois de uma noite correndo atrás de bandidos, indo pro descanso. No PX/rádio, uma voz informa que há mais uma ocorrência. Você responde que o turno de vocês está encerrado. Do banco de trás, outra voz diz: "E daí?" O motorista dá seta para se encaminhar ao local. Todos te olham... Tá com você...

Todo dia há um inimigo a repelir. Quase nunca, ele está ao alcance dos olhos - exceto quando você está na frente do espelho. O que eu fiz em 2009? - você me pergunta. Eu poderia responder "trabalhei prá burro, em todos os sentidos, e meu turno acabou". Mas, não. Eu preferi escutar a voz do banco de trás e entender o sinal do motorista. No "turno" de 2009, alguns bandidos foram pegos, outros escaparam. E o preço da paz é a eterna vigilância - mesmo no que se refere aos estão presos...

"Yeah, what the hell?" - essa foi a resposta do herói. Com isso, ele quis dizer: "We're SWAT, right?" Só há uma pessoa capacitada para repelir o seu maior inimigo: você! Voltando à pergunta... o que eu fiz em 2009? Fui SWAT. Leia-se: FUI. As inscrições para 2010 estão abertas, e já me matriculei. Tô me esforçando para também sê-lo em 2010.

E você? O que vai fazer no próximo "chamado"? Esqueça o cansaço, esqueça os ferimentos, esqueça o que de ruim passou... E daí? Você é SWAT, não é? Você aguenta o tranco! Ou como diria - e, aposto, ainda diz - o Velho Optimus: VOCÊ TEM "CAIXA"! Se você não fizer, ninguém vai fazer, porque VOCÊ É SWAT!...

Galera, em 2010, SEJAM SWAT!

Um encerramento de ciclo de muita reflexão a todos, e um novo ano de muito trabalho!

Agora, todo mundo: "Naaaaa... na-na-naaaaa... na-na-naaaaa... na-na-naaaaa..."

P.S.: prá vocês se situarem melhor:
http://www.youtube.com/watch?v=VkSheUP6-xs
Não consegui editar o vídeo... a cena descrita começa em 8 min 29 seg, ok?